Oi Tião. Que qui tu tá fazendo por aqui? Tu nunca vem me visitar! Não fala mais com os pobre não, é? - aquela gargalhada deixava Tião fora do tempo.
Num é nada disso. Meu padrim tá mandando muita gente embora porque não tem como pagar. A cera da carnaúba já não rende tanto. A terra tá seca demais. E eu num quero deixar meu padrim sozinho numa hora dessa. O Pedro ele não manda embora de jeito nenhum, porque cuida dos filhos dele, da casa, das compras. Mas eu só sirvo pro serviço pesado. Quero ajudar ele e não sei o que fazer...
Você é que nem um filho pro seu padrinho. Ele nunca vai te mandar embora. Deixe de besteira home!
Eu sei. Agora é que ele precisa de mim mesmo! Raimunda, eu to há muito tempo querendo falar com vossa senhorita, mas só te vejo com o meu padrim! -Tião amassava a aba do chapéu entre as mãos trêmulas, sinal de que ia dizer algo muito importante.
Fala Tião.
Você tem namorado?
Eu não. Que conversa besta é essa? - Raimunda desviou o olhar.
Quer namorar comigo? Eu tenho boas intenção. Quero me casá com você. Vou te fazer a morena mais feliz do mundo todinho.
Ô Tião. Eu tenho você como um irmão. Eu num quero casá com você não! Me desculpe viu! Não se ofenda, porque num é de maldade.
Eu sou o maior laçador de boi de todo sertão, sabia? Amanso cavalo brabo, faço todo serviço e sou trabalhador. Num vou deixar lhe faltar nada. E to na idade de me casá. Também posso ir embora com você pra outro lugar. Posso até te levar pra conhecer o mar.
Quero não Tião. Meu coração ta ocupado. Inté.